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Os meninos são de ouro

Os meninos são de ouro

Com destaque para o goleiro Weverton, o Brasil é campeão olímpico no futebol masculino. A medalha inédita veio num jogo emocionante, contra a Alemanha, a carrasca brasileira da Copa de 2014, daquele inesquecível placar: 7x1. Não era para ser revanche, afinal, não foi essa seleção quem sofreu a goleada, tampouco é assim que funciona o futebol em campo (apenas na vontade dos torcedores, claro, quem não gostaria de devolver a goleada?).

(foto: Divulgação/Rio 2016/Getty Images)

Foi um jogo para quem tem o coração forte, para quem tem nervos de aço. Um jogo tenso, do início ao fim. Cheguei a temer, porque a Alemanha avançou com grande perigo, em alguns momentos. Não fosse o goleiro Weverton, que fez grandes defesas, sei não. Mas, calma, não foi por acaso a convocação dele, na última hora. Tem mais.

A seleção brasileira parecia um pouco desorganizada em campo, especialmente do meio para a frente, enquanto os alemães jogavam com aquela disciplina impecável. Dava até agonia. Era a vontade brasileira que deixava tudo meio confuso, meio misturado, meio assustador. Esse contraste deixava o jogo tenso, muito tenso. Então, aos 25 minutos do primeiro tempo, Neymar sofreu falta. Ele próprio foi quem cobrou. Lá no cantinho. Indefensável. Golaço.

(foto: Divulgação/Rio 2016/Getty Images)

Mas, especialmente, depois do gol do capitão, os alemães ficaram ainda mais perigosos, buscando o gol de empate. Os brasileiros aguentaram firmes, até os 13 minutos da etapa final do tempo regulamentar, quando Meyer fez o gol de empate. Por um momento, lembrei a partida entre Grêmio e Hamburgo, na final do Mundial de Clubes de 1983, quando o tricolor venceu na prorrogação. Por isso, acreditei numa vitória brasileira.

Mas, no Maracanã lotado, o gol não veio, na prorrogação. A verdade é que todos os jogadores pareciam exaustos. Foi uma partida muito disputada e, ao mesmo tempo, bastante contida, porque ninguém queria perder. A preservação era natural, depois do empate, e durante toda a prorrogação. Quem chegou mais perto do gol foi o Brasil. Mas não havia mais pernas, só vontade. Pênaltis. A sorte foi lançada. Claro que depende da qualidade do batedor e da percepção do defensor, mas, convenhamos, ainda acho que uma decisão por penalidades tem muito de sorte ou azar. Nem sempre o resultado é justo.

Mas aí entra aquela história do “nada é por acaso”. Quando o goleiro Fernando Prass teve confirmada a lesão no cotovelo, o técnico Rogério Micale chamou Weverton às pressas. Mas, raios, quem era Weverton, arqueiro do Atlético Paranaense? Clima de desconfiança. Que o camisa um, jogo após jogo, foi desconstruindo. E o melhor estava reservado para a final.

(foto: Divulgação/Rio 2016/Getty Images)

Cobranças perfeitas, com o goleiro brasileiro chegando no lado certo, na maioria dos tiros alemães. Até que chegou a última cobrança dos adversários, com Petersen. E a estrela de Weverton brilhou. E ele fez uma grande defesa. E o Maracanã enlouqueceu. E parou, tenso, pausa até para respirar. Concentração. Estava nos pés do capitão Neymar, a decisão. Bastava fazer o que ele sabe fazer: colocar a bola no fundo das redes. E foi o que ele fez. Brasil, campeão olímpico 2016. De desacreditada, depois dos dois empates iniciais, na competição, a seleção canarinho mudou (a interferência de Tite foi fundamental) e, finalmente, quebrou um tabu.

Não tem pra ninguém. Por um momento, que será inesquecível, o Brasil voltou a ser o país do futebol.